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Templo de Ártemis em Éfeso: História da 7ª Maravilha

By Gemini

Templo de Ártemis em Éfeso foi uma das construções mais extraordinárias e reverenciadas da antiguidade, uma obra de tal imponência e beleza que garantiu seu lugar na seleta lista das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Situado na próspera cidade de Éfeso, na costa da atual Turquia, este santuário colossal era dedicado à deusa grega da caça, da natureza e da proteção, atraindo peregrinos, comerciantes e admiradores de todos os cantos do mundo conhecido.

A importância do templo era um reflexo direto da própria Éfeso. Sendo um dos principais portos do Mar Egeu, a cidade era um verdadeiro caldeirão de culturas e um centro nevrálgico de comércio. Essa localização estratégica trouxe imensa riqueza e influência, permitindo o florescimento de uma cultura vibrante e a criação de obras monumentais. Neste cenário, o grande templo surgiu não apenas como um centro de devoção, mas também como um poderoso símbolo da grandiosidade e do poder de Éfeso.

Um Culto Milenar: As Origens do Templo de Ártemis

A história do Templo de Ártemis em Éfeso é muito mais antiga do que sua arquitetura grega sugere. Evidências arqueológicas indicam que o local era sagrado séculos antes da chegada dos colonos jônicos. Um culto a uma deusa-mãe da Anatólia, provavelmente Cibele, já existia ali. Quando os gregos chegaram, em vez de erradicar a divindade local, eles a assimilaram, fundindo suas características com as de sua própria deusa, Ártemis.

Esse sincretismo religioso foi a chave para o sucesso e a longevidade do culto. A “Ártemis de Éfeso” tornou-se uma figura única, que combinava a caçadora virgem do panteão grego com a poderosa e fértil deusa-mãe anatólia. Essa fusão garantiu que o santuário fosse relevante para diferentes povos, consolidando sua importância por séculos.

O templo passou por várias fases de construção. A versão mais célebre e que entrou para a história foi financiada pelo imensamente rico Rei Creso da Lídia, por volta de 550 a.C. O projeto, liderado pelos arquitetos cretenses Quersifrão e seu filho Metagenes, era de uma ambição sem precedentes, levando cerca de 120 anos para ser concluído.

A Enigmática Estátua e Seus Símbolos

No coração do santuário, abrigada no naos (a câmara interna), ficava a estátua de culto de Ártemis, uma figura que exercia um fascínio profundo. Conhecida como “Ártemis multimástica”, sua imagem era adornada com múltiplos “seios” em seu torso. Essa característica, até hoje debatida, é comumente interpretada como um símbolo de sua função como deusa da fertilidade, da abundância e da nutrição.

Outras teorias sugerem que os adornos não seriam seios, mas sim ovos, testículos de touro sacrificados ou até mesmo bolsas de couro, todos símbolos potentes de fertilidade nos cultos antigos. Além disso, a estátua era decorada com outros animais e símbolos, como abelhas (símbolo de Éfeso), leões e veados, reforçando sua soberania sobre o mundo natural. Essa figura complexa representava uma divindade protetora e onipotente, muito além da representação clássica da Ártemis helênica.

Arquitetura e Esplendor: Detalhes da Maravilha

Templo de Ártemis em Éfeso foi o primeiro grande edifício construído inteiramente em mármore. Suas dimensões eram estonteantes para a época: cerca de 115 metros de comprimento por 55 metros de largura. Sua estrutura era sustentada por 127 colunas da ordem jônica, famosas por sua elegância e pelos capitéis em forma de volutas. Cada coluna tinha mais de 18 metros de altura.

Diferente de outros templos, trinta e seis de suas colunas eram esculpidas com relevos detalhados em suas bases, retratando cenas mitológicas. Artistas renomados, como Escopas, foram contratados para criar as magníficas esculturas que adornavam o templo. Acredita-se que o telhado era feito de madeira de cedro e que o interior abrigava inúmeras obras de arte, incluindo pinturas e estátuas de ouro e prata, doadas por reis e peregrinos.

A Destruição por Fogo e Fama

Apesar de sua grandiosidade, a história do templo foi marcada por uma tragédia infame. Na noite de 21 de julho de 356 a.C., um homem chamado Heróstrato, buscando imortalizar seu nome a qualquer custo, ateou fogo ao santuário. O telhado de madeira ardeu rapidamente, e o calor intenso rachou as colunas de mármore, levando a estrutura ao colapso.

O ato foi considerado um sacrilégio tão atroz que as autoridades de Éfeso não apenas executaram Heróstrato, mas também proibiram que seu nome fosse pronunciado ou registrado, sob pena de morte. Uma famosa lenda, difundida pelo historiador Plutarco, conta que o incêndio ocorreu na mesma noite do nascimento de Alexandre, o Grande. A anedota dizia que a própria deusa Ártemis estava tão ocupada assistindo ao parto do futuro conquistador que deixou seu templo desprotegido.

O Renascimento das Cinzas

A destruição chocou o mundo grego, mas a devoção do povo de Éfeso era inabalável. Impulsionados pela riqueza da cidade, eles iniciaram a reconstrução quase que imediatamente. O novo templo foi projetado para ser ainda maior e mais esplêndido que o original. Esta segunda versão, concluída por volta de 323 a.C., é a que foi descrita por Antípatro de Sídon em sua famosa lista das Sete Maravilhas. Alexandre, o Grande, ao chegar a Éfeso, ofereceu-se para financiar a obra, mas sua oferta foi diplomaticamente recusada pelos cidadãos.

O Declínio Final e a Redescoberta do Templo de Ártemis

Esta gloriosa segunda versão do Templo de Ártemis em Éfeso perdurou por mais de 500 anos. Contudo, seu fim começou em 268 d.C., quando uma invasão dos Godos saqueou Éfeso e danificou severamente o templo. Com a ascensão do Cristianismo e os decretos do Imperador Teodósio I no final do século IV, que ordenaram o fechamento dos santuários pagãos, o templo perdeu sua função religiosa.

Abandonado, o magnífico edifício tornou-se uma pedreira para os habitantes locais. Seus mármores foram reutilizados na construção de igrejas, como a Basílica de São João, e outras edificações. Com o tempo, o lodo do rio próximo soterrou o que restava, e o local exato da maravilha se perdeu por mais de mil anos.

Foi apenas em 1869, após anos de busca, que uma expedição liderada pelo arqueólogo britânico John Turtle Wood, patrocinada pelo Museu Britânico, finalmente redescobriu as fundações do templo. Hoje, tudo o que resta no local é uma única e solitária coluna, montada a partir de fragmentos, um melancólico lembrete de uma das estruturas mais espetaculares que o mundo já viu. Mesmo em ruínas, seu legado como um pináculo da engenhosidade, arte e devoção humana permanece inesquecível.

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