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Vulcão mais antigo do mundo fica no Brasil: Saiba onde

Vulcão mais antigo do mundo fica no Brasil

Quando pensamos em vulcões, nossa mente viaja para paisagens dramáticas: o Monte Fuji, no Japão, ou as ilhas do Havaí, onde a lava encontra o mar. Poucos imaginariam que a resposta para a pergunta “onde o vulcão mais antigo do mundo fica no Brasil?” nos levaria para o coração da Floresta Amazônica. E sim, é a mais pura verdade científica.

Pode soar como um roteiro de filme de aventura, mas sob a densa vegetação do sul do Pará, reside uma relíquia geológica de quase dois bilhões de anos. Esta não é uma história de perigo — o gigante está extinto há mais tempo do que podemos compreender — mas sim uma jornada fascinante a um passado remoto da Terra, quando o Brasil era um lugar de fogo e transformações monumentais.

Onde Fica Exatamente Este Vulcão Tão Antigo?

O vulcão, ou o que restou dele, está localizado em uma área entre os rios Tapajós e Jamanxim, na região conhecida como Uatumã, no sul do estado do Pará.

É uma área de difícil acesso, o que explica por que a descoberta demorou tanto. Hoje, o antigo cone de 22 quilômetros de diâmetro e 400 metros de altura foi aplainado pelo tempo, escondido sob a floresta mais rica do mundo. Ele é um verdadeiro fantasma geológico, visível apenas para os olhos da ciência.

Por Que um Vulcão no Brasil é Tão Surpreendente?

Para entender o quão extraordinária é essa descoberta, precisamos lembrar de uma aula básica de geografia. A maioria dos vulcões do mundo está localizada nas bordas das placas tectônicas, como no famoso “Círculo de Fogo do Pacífico”, onde as placas se chocam ou se separam constantemente.

O Brasil, no entanto, desfruta de uma posição privilegiada e calma, bem no centro da Placa Sul-Americana, longe de toda essa agitação. É por isso que não temos terremotos significativos nem vulcões ativos. A descoberta de um vulcão ancestral na Amazônia não muda nosso status de segurança geológica, mas revela um passado incrivelmente violento e dinâmico, mostrando que a estabilidade que conhecemos hoje é resultado de bilhões de anos de evolução planetária.

Vulcão mais antigo do mundo fica no Brasil: Uma Descoberta Guiada pela Ciência

A história da descoberta desse titã geológico é tão surpreendente quanto sua existência. Durante décadas, a vastidão da Amazônia manteve seu segredo bem guardado. Foi apenas em 2002 que a verdade começou a emergir, graças a uma equipe de pesquisadores do Instituto de Geociências da USP, liderada pelo geólogo Caetano Juliani.

Eles não procuravam por vulcões. O foco era estudar rochas da região para entender a formação da crosta terrestre. No entanto, ao analisarem as amostras, encontraram rochas vulcânicas ácidas e tufos — cinzas compactadas — que eram a assinatura inconfundível de uma erupção colossal. O que eles encontraram não foi um cone clássico; o tempo e a erosão apagaram sua forma, mas não sua história, preservada no subsolo.

Como Era o Mundo Há 1.9 Bilhão de Anos?

Para entender a importância dessa descoberta, precisamos viajar no tempo para o Paleoproterozoico. A Terra era um planeta quase irreconhecível, com uma atmosfera pobre em oxigênio e continentes ainda em formação.

Foi nesse cenário que o “Vulcão Amazonas” nasceu, a partir da colisão de placas tectônicas, um processo que deu origem à crosta continental que forma a base do nosso território. Pesquisas indicam que a Amazônia foi um campo de intensa atividade vulcânica por centenas de milhões de anos, e este gigante do Pará é o testemunho mais antigo desse passado de fogo.

Por Que um Vulcão Extinto Ainda é Tão Importante?

Se ele não oferece risco, por que estudá-lo? A resposta está nas pistas que ele nos dá sobre nosso planeta.

Primeiro, ele é uma janela para a formação da América do Sul. Ao estudar suas rochas, os geólogos montam o quebra-cabeça de como nosso continente se estabilizou. Além disso, essa história vulcânica tem implicações econômicas. A atividade magmática trouxe do interior da Terra uma enorme quantidade de minerais preciosos. Não é coincidência que a região seja uma das mais ricas em ouro do país, algo que atrai o interesse de estudos de exploração mineral no Brasil.

O magma que sobe das profundezas da Terra é uma “sopa” rica em elementos dissolvidos. Conforme ele esfria e se solidifica, esses elementos, como ouro, cobre e estanho, se concentram em veios na rocha. É por isso que antigas províncias vulcânicas, como a de Alta Floresta (MT/PA), são alvos estratégicos para a mineração, impulsionando a economia e a ciência simultaneamente.

Um Gigante que Jamais Acordará

É importante frisar: este vulcão está completamente extinto, não apenas adormecido. Um vulcão adormecido (ou dormente) ainda possui uma câmara de magma ativa abaixo dele e pode entrar em erupção no futuro. Já um vulcão extinto teve sua fonte de magma cortada e solidificada há tanto tempo que é geologicamente impossível que ele volte à vida.

O Brasil, aliás, é um cemitério de vulcões. Além do gigante amazônico, temos outras formações de origem vulcânica famosas, como o arquipélago de Fernando de Noronha, o complexo de Poços de Caldas em Minas Gerais e as ilhas de Trindade e Martim Vaz. Nenhum deles oferece perigo, mas cada um conta um capítulo fascinante da tumultuada juventude do nosso planeta.

O Legado do Gigante de Fogo

Hoje, a paisagem sobre o vulcão mais antigo do mundo é de uma vitalidade exuberante. Onde antes havia lava, agora existe a maior biodiversidade do planeta. A fúria geológica deu lugar à vida.

A existência do Vulcão Amazonas nos convida a olhar para o Brasil com outros olhos. Nosso país não é apenas o lar do presente vibrante, mas também o guardião de algumas das memórias mais antigas da Terra, esperando para serem redescobertas.

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